Setembro é dourado

SETEMBRO É DOURADO
A SOCIEDADE CATARINENSE DE PEDIATRIA É PARCEIRA NESTA CAUSA

SETEMBRO é o mês escolhido para intensificar a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil, representado mundialmente pelo símbolo do LAÇO DOURADO.
Conforme dados publicados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) a estimativa de casos novos de câncer infantojuvenil para o ano de 2020 é de 8.460, sendo 4.310 para o sexo masculino e 4.150 para o sexo feminino. No Brasil, a taxa bruta estimada de casos novos por milhão de crianças e adolescentes até 19 anos é de 138,44 e em Santa Catarina é de 175,29. Diferentemente do adulto, o câncer infantojuvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Por serem predominantemente de natureza embrionária, os tumores na criança e no adolescente são constituídos de células indiferenciadas, o que, geralmente, proporciona melhor resposta aos tratamentos atuais.
Entre os tipos de câncer infantojuvenil, os mais frequentes são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas.

No Brasil, assim como nos países desenvolvidos, o câncer representa a primeira causa de óbito por doença (8% do total), entre as crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade. De acordo com Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) o número de mortes foi de 2.565 no ano de 2018, sendo 1.412 para o sexo masculino e 1.153 para o sexo feminino. Infelizmente, com base nos dados dos registros de câncer atualmente consolidados, sabemos que em nosso país muitos pacientes ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estágio avançado.

O que aumenta o risco de câncer infantojuvenil?

Não há evidências científicas até o momento de que fatores de risco relacionados com o estilo de vida (ambientais) tenham associação com câncer infantojuvenil. Alterações genéticas que propiciem ao desenvolvimento de um determinado tipo de câncer são muito raras na criança. Portanto, é fundamental a orientação para o diagnóstico precoce do câncer, visando melhor chance de cura, de sobrevida e de qualidade de vida para estas crianças e adolescentes.

Quais são os principais sinais e sintomas de alerta para o câncer infantojuvenil?

O pediatra tem papel essencial na suspeita diagnóstica do câncer, bem como no encaminhamento precoce para os centros de referência oncológicos pediátricos. É importante que o pediatra tenha ciência que os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil são geralmente inespecíficos e que não raras vezes, a criança ou o adolescente podem ter o seu estado geral de saúde ainda não comprometido no início da doença.

Sinais e sintomas de alerta para o câncer infantojuvenil
✓ Leucocoria
✓ Estrabismo, nistagmos que surgem repentinamente
✓ Exoftalmia, equimose palpebral, heterocromia, anisocromia
✓ Aumento de volume em qualquer região do corpo, principalmente indolor e sem febre, podendo estar associado ou não a sinais de inflamação
✓ Equimoses pelo corpo em regiões pouco frequentes, sobretudo quando não associadas a algum tipo de traumatismo
✓ Dores persistentes nos ossos, nas articulações e nas costas, especialmente se desperta a criança à noite, associada ou não a edema, massa ou limitação funcional
✓ Fraturas, sem trauma
✓ Sinais precoces de puberdade: acne, voz grave, ganho excessivo de peso, pelos pubianos ou aumento do volume mamário nas meninas com menos de 8 anos de idade e nos meninos com menos de 9 anos de idade
✓ Cefaleia persistente e progressiva, associada ou não a vômitos, diabetes insipidus, neurofibromatose, alterações na marcha, no equilíbrio e na fala, além de perda de habilidades desenvolvidas e alterações comportamentais
✓ Febre prolongada, perda de peso, palidez ou fadiga persistente e inexplicadas
✓ Prurido/sudorese noturna
✓ Aumento inexplicado de volume testicular
✓ Dor abdominal/massa abdominal
✓ Hematúria, hipertensão arterial inexplicadas por outras causas
✓ Hepatoesplenomegalia
✓ Dor nas costas, que piora na posição supina, com ou sem sinais de compressão medular
✓ Nevos com modificação de características prévias em áreas de exposição solar ou de atrito
✓ Obstrução nasal, sangramentos inexplicados
✓ Otalgia crônica e/ou otorreia crônica, especialmente se associada a dermatite seborreica
✓ Sangramento vaginal;
✓ Tosse seca e persistente, edema de face e turgência da jugular inexplicadas
✓ Linfonodomegalia cervical baixa em adolescente
✓ “Dor de dente” rebelde ao tratamento

Como é realizado o tratamento do câncer infantojuvenil?

O tratamento se inicia com o correto diagnóstico. Neste contexto, é fundamental que o diagnóstico e tratamento sejam realizados em centro especializado em oncologia pediátrica, por equipe multiprofissional e individualizado para cada tipo histológico específico e de acordo com o estadiamento clínico da doença. Compreende diversas modalidades terapêuticas, como quimioterapia, radioterapia, cirurgia, imunoterapia, transplante de medula óssea ou de órgãos.

Quais as chances de sobrevida para as crianças e adolescentes com câncer?
Dados de um estudo sobre o panorama do câncer infantojuvenil divulgados pelo INCA e pelo Ministério da Saúde identificaram que a sobrevida estimada no Brasil por câncer na faixa etária entre zero e 19 anos é de 64%. Este estudo apontou que a sobrevida variou de acordo com a região do país, sendo mais elevada nas regiões Sul (75%) e Sudeste (70%), refletindo assim, possíveis iniquidades no acesso ao diagnóstico e ao tratamento.

O Hospital Infantil Joana de Gusmão, é centro de referência em oncologia pediátrica, para a maioria das cidades do Estado de Santa Catarina. Foram registrados, no período de 1º de janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2018, 386 casos novos de neoplasias malignas primárias em crianças e adolescentes até 15 anos incompletos. Observou-se nesta casuística uma taxa de sobrevida global de 85,75%. Possível fator contribuinte para o incremento na taxa de sobrevida nos últimos anos, além da melhora dos cuidados de suporte e da utilização de protocolos terapêuticos cooperativos, foi a maior percentagem de pacientes com doença localizada ao diagnóstico.

Dra. Denise Bousfield da Silva
Presidente do Departamento Científico de Hematologia e Oncologia da SCP