Novembro Dourado

O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-juvenil (lei nº 11.650, de 4 de abril de 2008),  lembrado oficialmente no dia 23 de novembro visa estimular as ações educativas associadas à doença, promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças e adolescentes com câncer e divulgar os avanços técnico-científicos na área.

Em comemoração a esse dia, uma série de ações estão previstas, entre elas, o “NOVEMBRO DOURADO”, com a instituição do laço dourado que é a cor da fita da consciência do câncer infanto-juvenil.
Na criança e no adolescente, o câncer representa de 1 a 3% de todas as neoplasias malignas, estimando-se no mundo, incidência anual de cerca de 200.000 casos. No Brasil, de acordo com as referências dos registros de câncer de base populacional, atualmente consolidados, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima a ocorrência de mais de 9.000 casos novos de câncer infanto-juvenil por ano.
Os tumores malignos na criança tendem a apresentar menores períodos de latência, crescem quase sempre rapidamente, são geralmente invasivos e respondem melhor à quimioterapia. Diferentemente do câncer do adulto, na criança as neoplasias geralmente afetam as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, enquanto que no adulto compromete as células do epitélio, que recobre os diferentes órgãos.
No nosso país, assim como em muitos países desenvolvidos, o câncer representa a primeira causa de óbito por doença, entre as crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade.
Infelizmente no Brasil, baseado nos dados dos registros de câncer atualmente consolidados, muitos pacientes ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estágio avançado.
A detecção do câncer em estádios mais localizados reduz consideravelmente as complicações agudas e tardias do tratamento, além de contribuir para maior percentagem de cura.
Nesse contexto, o pediatra tem papel fundamental, pois lhe compete incluir e investigar a hipótese de câncer em algumas situações clínicas da prática pediátrica.

QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA PARA O CÂNCER?
A história clínica, baseada principalmente na queixa principal, e o exame físico são os primeiros passos no processo de diagnóstico do câncer. A história familiar, a presença de doenças genéticas ou de doenças constitucionais, podem também auxiliar nas orientações para o diagnóstico.
O alto nível de suspeição da doença deve estar presente no raciocínio médico, o que permitirá atenção especial a determinados sinais e sintomas, promovendo desta maneira um reconhecimento mais rápido do câncer. É importante estar ciente que, na maioria das vezes, esses sinais/sintomas são similares aos de doenças benignas comuns da infância, motivo pelo qual o pediatra deve estar atento.
Enfatizamos, assim, a importância de reconhecer os sinais de alerta, conhecidos como sinais de alerta “Saint Siluan”, trabalho desenvolvido na África do Sul, com divulgação na imprensa escrita e falada, que orienta os pais/responsáveis a procurarem assistência médica para seus filhos(as) sempre que os sinais e sintomas abaixo descritos persistirem. Alertamos também, aos pediatras a pensarem na possibilidades de doença oncológica sempre que esses sinais e sintomas abaixo listados persistirem.

SINAIS DE ALERTA

• Mancha branca nos olhos, perda recente de visão, estrabismo, protrusão do globo ocular;
• Aumento de volume (massa): abdome e pelve, cabeça e pescoço, membros, testículos e glândulas;
• Sinais/sintomas sem explicação: febre prolongada, perda de peso, palidez, fadiga, manchas roxas pelo corpo e sangramentos;
• Dores: ossos, articulações, nas costas e fraturas, sem trauma proporcional;
• Sinais neurológicos: alteração da marcha, desequilíbrio, alteração da fala, perda de habilidades desenvolvidas, dor de cabeça por mais de uma semana com ou sem vômitos, aumento do perímetro cefálico.

Caso o quadro clínico do paciente seja consistente com o diagnóstico de neoplasia maligna, é imprescindível o encaminhamento o mais rápido possível, para um centro especializado no diagnóstico e tratamento do câncer pediátrico.
As chances de cura, a sobrevida, a qualidade de vida do paciente, bem como a relação efetividade/custo da doença é maior quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer.
O tratamento deve ser realizado em centro especializado pediátrico, por equipe multiprofissional, de forma racional, e individualizada para cada tipo histológico específico e de acordo com a extensão clínica da doença.
No Brasil, nos últimos anos, houve marcante melhoria na sobrevida das crianças com câncer, decorrente da utilização de protocolos cooperativos de tratamento, coordenados pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE). Os resultados obtidos para a maioria dos tipos histológicos são similares aos de países desenvolvidos, ou seja, 70 a 80% de sobrevida.
A taxa de sobrevida, no período de 2009 a 2013, foi de 73% para os pacientes atendidos no Serviço de Oncohematologia do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), centro de referência para o tratamento das doenças oncohematológicas para maioria das cidades no Estado de Santa Catarina.
Considerando que a infância e a adolescência são períodos críticos do desenvolvimento em que, além da formação de hábitos de vida, a exposição a fatores ambientais pode afetar a estrutura ou a função de órgãos ou tecidos, comprometendo a saúde do adulto, é fundamental a orientação sobre os fatores de risco conhecidos para o câncer relacionados a exposições de longa duração, como a ausência da prática regular de exercícios físicos, a alimentação inadequada, a exposição à radiação ultravioleta sem proteção, o uso de tabaco e de álcool, a não-vacinação contra agentes infecciosos, como hepatite B, e HPV, além da prática sexual sem proteção.